O documentário Caminhos da Serra do Mar, que relaciona fatos históricos e naturais com algumas das montanhas da região de Joinville, é fruto de um projeto submetido ao Edital de Apoio à Cultura da Prefeitura Municipal de Joinville

O mesmo foi aceito no Edital Mecenato Simdec 2021, mas foi idealizado antes disso, em 2020. Nada acontece por acaso, e tem vários fatores que motivam a gente a desbravar novos caminhos e colocar no papel ideias que parecem, muitas vezes, apenas um sonho. O objetivo dessa postagem é contar um pouco sobre como surgiu e em quais passos anda a produção do DOC Caminhos da Serra do Mar.

A ideia

A vontade de produzir um documentário que contasse um pouco da história do montanhismo na região de Joinville era algo que eu carregava fazia algum tempo, alguns anos provavelmente. Mas terminei a graduação, fui para o mestrado e doutorado, tudo em sequência, e não sobrava muito tempo para novos projetos.

 

Defendi minha tese de doutorado em março de 2020 e acabou sobrando um tempo livre. Paralelo a isso estava desde o ano anterior fazendo cursos de mapeamento com drone e acabei investindo em um Mavic 2 Pro bem no início de janeiro de 2020.

 

Para quem curte montanhas e fotografia o drone é um excelente aliado.  Comecei a fazer uns takes de lugares incríveis e isso tudo foi me instigando ainda mais nessa ideia do DOC. A paixão pelas montanhas é algo de algum tempo já. 

 

Em um dia comum, depois do trabalho, dando uma volta na quadra com o Guido, que é fotógrafo e em parceria com o Jader tem uma empresa de audiovisual/fotografia, lancei a ideia da produção desse documentário, que ainda não tinha nome. 

 

Tinha mais uma pessoa chave que precisaria participar do desenvolvimento deste trabalho, que era o geógrafo e montanhista Reginaldo Carvalho, grande conhecedor do montanhismo da região e mesmo de outros cantos do Brasil e do mundo.

 

O Guido e o Jader toparam, a próxima etapa seria falar com o Regi, e ele também topou. Agora seria a hora de colocar a mão na massa.  

O projeto

A fonte de recursos financeiros para esse projeto seria o edital de apoio à cultura da Prefeitura de Joinville. Bom, para quem já submeteu projetos para algum edital sabe que não é nada simples, e toda atenção é pouca. É necessário ler cada linha do edital algumas vezes, fazer várias perguntas e estar sujeito a alguma falha muito besta que te impeça de ser aprovado.

 

Escrevi o projeto, levantei assinaturas, orçamentos, documentos, equipe técnica, etc.. O Jader participou da etapa burocrática já que foi o proponente cultural. Submetemos o projeto em 2020, o mesmo foi aceito na primeira etapa, mas na segunda que era conferência de documentos acabamos sendo reprovados por ter entregado uma certidão de pessoa jurídica ao invés de uma de pessoa física. Nossa! Isso foi frustrante, tanto trabalho dedicado e ter o projeto reprovado por um motivo assim. 

 

Mas não se deixando abalar, mesmo tendo mudado o governo e como consequência o edital, submetemos o projeto novamente, mas dessa vez para o Edital do Mecenato, neste edital além de precisar ter o projeto aceito nas duas fases de avaliação, é necessário captar recursos junto aos contribuintes do IPTU e ISSQN.

 

E depois de meses de espera, saiu o resultado final: projeto aprovado!

 

Hora de bater perna atrás de empresas para conseguir a verba. E foi com bastante esforço e fazendo contatos aqui e ali, telefonemas, etc. apoio e suporte de pessoas que conseguimos o apoio da Tigre com cerca de 60% da verba necessária e depois os outros 40% com a Döhler.

 

Quem chegou até aqui na leitura já deve ter percebido que nada é fácil nessa caminhada de escrever projeto, participar de edital, conseguir verba. Dá trabalho, pra caramba! Mas o trabalho estaria apenas começando, porque a produção do DOC exige algumas MUITAS horas.

A produção

O primeiro passo foi iniciar a escrita do roteiro, para isso, é muito importante ter curiosidade, pesquisar e organizar ideias. As pesquisas do Reginaldo sobre o montanhismo e as montanhas da região foram essenciais para desenhar essa história.

 

São tantos detalhes na produção, contato para conseguir contato dos entrevistados, contato com entrevistados, contato com a equipe e entrevistados para marcar entrevistas e captações, captações, pesquisa, escrita de roteiro, contato para contratação de equipe técnica, pagamento de equipe técnica de acordo com as normas do edital, normas do edital, explicação de conteúdo para animação, revisão da animação, assistir as entrevistas, selecionar cenas, inserir cenas no roteiro, ler e reler o roteiro, passar as entrevistas selecionadas para o roteiro (escrita), selecionar as imagens para o roteiro, iniciar a edição, instruções para edição, para locução, para tradução… Não sei se teve um dia que não teve algum trabalho relacionado.

 

Já captamos, provavelmente, todas as entrevistas. O Claudio Ferrari é o responsável pela captação e edição de som. Os cinegrafistas são o Guido e o Jader, o Regi trabalhou junto na parte de pesquisa, elaboração das perguntas para os entrevistados montanhistas do Centro Excursionista Monte Crista (CEMC) e também na elaboração de alguns textos para o roteiro. Eu, Yara, venho desenvolvendo o roteiro, direção, produção e imagens aéreas. Jader é também nosso editor e o Guido designer gráfico. Animação ficou com a Barong Anima, a locução está sendo realizada na semana que escrevo esse post, pela Márcia Caspary e Alfredo Bergmann, e ainda tem outras pessoas contribuindo na equipe técnica, mas ainda não chegou a parte delas então mencionarei mais adiante. Um passo de cada vez. 

 

Nada seria possível sem a ajuda de muitas pessoas, desde um telefonema, um contato, um ombro amigo. E os entrevistados que são a essência deste projeto. Em uma postagem futura estarei falando um pouco mais sobre o projeto, entrevistados, etc.

 

Nessa trajetória vejo o quão importante é trabalhar com pessoas comprometidas, que cumprem prazos, e que trabalham com amor. Nesse sentido, gostaria de super recomendar o trabalho da Barong Anima, que desenvolveu as animações para o documentário. Agradeço em nome do Fábio, Viviane, Camila, Henrique e claro a Lídia que é uma ilustradora e tanto. 

 

Muito obrigada até aqui a todos que vem contribuindo para a construção deste trabalho, seguimos finalizando as gravações e na pós-produção também.

O nome/ a história

A história gira em torno de cinco montanhas principais: Monte Crista, Morro da Tromba, Pico Jurapê, Castelo dos Bugres e Morro Pelado. E cada uma dessas montanhas tem relação com algum acontecimento histórico como a construção da Estrada Três Barras e da Estrada da Serra Dona Francisca, o surgimento do Centro Excursionista Monte Crista, a primeira ascensão ao Pico Jurapé, e por aí vai.

O que todas essas montanhas tem em comum é uma história que se relaciona com os caminhos vivenciados por diferentes gerações, povos originários, exploradores, naturalistas e montanhistas. Caminhos percorridos com diferentes objetivos e propostas.

A Serra do Mar é uma cadeia de montanhas que se estende desde o estado do Rio de Janeiro até o nordeste de Santa Catarina. Em Santa Catarina, em especial, ela se estende por uma pequena área do Estado, mas que configura a esta um microclima e condições ambientais únicas.  

O município de Joinville, maior do Estado em população e com grande potencial econômico, possui uma história conectada com esta serra, desde o seu primórdio. 

O documentário, além de passar por essas cinco montanhas trazendo fatos conectados com elas, paralelamente, conta um pouco da história do montanhismo organizado em Joinville, além de falar sobre alguns aspectos naturais da região, relacionados a geologia e também a ciência biológica.

Tendo-se como referência a área que a Serra do Mar abrange em Santa Catarina, Caminhos da Serra do Mar é um documentário que busca contar um pouco da história relacionada a esta serra no Estado.