A travessia da Pedra da Tartaruga (1385 m), via trilha da Tartaruga, para o Pico Garuva (1292 m), possui uma extensão aproximada de 23 km. É uma das travessias mais bonitas da Serra do Quiriri… A parte mais antropizada do caminho é a descida do Bradador (1527 m) até a Fazenda Alto Quiriri, e de lá até o final da estrada, quando inicia a “descida” para a Pedra do Lagarto (1340 m).
O caminho tem início em uma propriedade particular, do Adilson, no final da estrada anexo a loja Santpar (pouco antes do pedágio de Garuva no sentido Curitiba – Joinville). O proprietário está exigindo autorização para passar por lá, por isso, é preciso ligar antes de ir, fazer um cadastro e pagar uma taxa. IMPORTANTE respeitarmos o acesso a este local, e manter a trilha sempre limpa.
Assim que passar o portão da propriedade é só seguir a estrada (lembrando que tem uns cachorros bem grandes por lá), entrar numa “porteira” logo à esquerda e seguir uma estrada meio abandonada (pouco uso) até o início da trilha, depois seguir até um rio, atravessá-lo, e logo adiante terá uma bifurcação, deve-se pegar a esquerda. De modo geral a trilha está bem marcada, mas às vezes perde-se o rastro.
O início da trilha (mata fechada) se dá a uma altitude aproximada de 280 m, dali caminha-se cerca de 5 km até a Pedra da Tartaruga, com um desnível de 1100 m. Iniciamos a caminhada às 8h30min e chegamos na Pedra da Tartaruga aproximadamente às 12h30min. Fizemos a trilha: eu, o Anderson Batman do grupo Cachorro do Mato e a Daiane Antunes.
A uma altitude aproximada de 900 metros chega-se em um trecho de uma crista, com alguns mirantes, de onde é possível observar a face voltada para o sul da região da Pedra da Divisa (1453 m). A trilha continua fechada, com algumas aberturas, e quando se está a 1230 m de altitude entra-se nos campos, bem próximo a Pedra da Tartaruga.
Lá de cima o tempo estava nublado, com maiores aberturas de céu azul para a região do planalto. Havia uma movimentação rápida de nuvens stratus sobre nós, abrindo e fechando a janela de visual, e lá embaixo (abaixo dos 900 metros) um grande tapete de nuvens brancas (stratus). Chegamos a pegar garoa em momentos da trilha. Todas as previsões do tempo que acompanhamos para este dia erraram, marcavam tempo bom. O centro da Massa Polar já estava sobre o oceano, e a circulação marítima era o sistema que comandava o tempo, trazendo muita umidade para a região da Serra do Mar. O padrão de tempo estava similar ao que observei quando fiz a travessia Garuva X Crista em maio deste ano. No final do texto têm uma foto panorâmica que mostra essa dinâmica. Umidade para a região a barlavento da serra, principalmente nas proximidades de Garuva, e tempo mais aberto e seco para o planalto (principalmente), e também para os lados de Joinville.
Logo seguimos caminhada até o Bradador, ponto culminante da travessia. A distância entre os dois locais é de cerca de 3 km. O Bradador é um ponto interessante para observar a paisagem, por ser o mais alto dos arredores. O vento ali sopra forte! Na descida vimos várias pegadas e fezes de veados. Dali fomos até a Pedra do Lagarto (aprox. 7 km), onde assinamos o livro de cume, tiramos algumas fotos… Partimos pouco depois das 16 horas com o objetivo de chegar ao Pico Garuva antes do pôr do Sol (aprox. 3 km). Objetivo alcançado, comemos o último lanche e descemos toda a trilha à noite (+/-5 km). O céu estava aberto, era possível ver algumas estrelas e constelações, como o Cruzeiro do Sul e Escorpião, era lua crescente. Aproximadamente nos 500 m de altitude entramos na neblina, a mata estava mais molhada e já não dava de observar o céu noturno. Chegamos à lanchonete anexa ao posto de gasolina em Garuva pouco depois das 21h.
Foi uma ótima travessia, com uma dinâmica de tempo atmosférico bem interessante. Foi a primeira vez de cada um de nós na trilha da Tartaruga (erroneamente denominada de trilha do Queijo), que está ainda bem preservada e espera-se que continue assim. Já a trilha do Garuva, a essa altura da temporada de montanha 2018, têm bastante lixo :/ Essa galera precisa conscientizar!
(Clique sobre as imagens para visualizar melhor)










DULCILENE COLIN DE OLIVEIRA
03/11/2019 — 12:24
Olá, fiz a travessia da pedra da tartaruga em 2007 e vamos voltar lá em breve.
Não tem um rio lá em cima, junto a uma área de acampamento?
Yara de Mello
04/11/2019 — 15:06
Tem sim, tem uma fonte de água mais próxima. E também um rio maior, afluente do Quiriri do Paraná, bem próximo, 10 minutinhos.
Dulcilene Colin de Oliveira Schmidt
06/11/2019 — 08:40
Obrigada Yara!
Me lembro que fizemos o acampamento próximo ao rio.
Depois no dia seguinte descemos para Garuva.
Getulio Vogetta
29/03/2020 — 19:01
Olá Yara!
Tudo na paz? Assim espero..
Você menciona do texto que a trilha da Pedra da Tartaruga seria chamada “erroneamente” de Trilha do Queijo, mas as referências à “Trilha do Queijo Trançado” são antigas e amplamente difundidas entre os montanhistas. Você chegou a fazer alguma pesquisa sobre isso?
Abraço!
Yara de Mello
30/03/2020 — 14:54
Boa tarde Vogetta,
Então, na realidade não fiz uma pesquisa mais detalhada. Mas montanhistas mais experientes aqui de Joinville a chamam dessa forma desde os anos 90. Você tem registro escrito que refere o trajeto como Trilha do queijo trançado?
Abraços
Reginaldo Carvalho
30/03/2020 — 15:08
Buenas Getúlio!
Conheço o lugar desde 1992 e sempre chamávamos de “trilha da tartaruga”, porém, nunca pesquisei à respeito, pode ser que eu esteja equivocado.
O nome “trilha do queijo” comecei a perceber tempos depois com a abertura de um estabelecimento que comercializava o produto lá no inicio da caminhada. Caso você tenha algum relato anterior a 1992 seria interessante para uma retificação.
Jean Cleber da Silva
25/05/2020 — 21:15
Boa noite, Yara de Melo
Você tem o contato telefônico do Adilson proprietário das terras que da inicio a trilha?
Muito show esta travessia. Parabéns pelo texto e pela riqueza de detalhes, deu mais vontade de fazer.
Yara de Mello
26/05/2020 — 10:21
Boa noite Jean,
Obrigada.
Eu até tenho o contato, porém, conversei recentemente com ele e o acesso está fechado :/
Porque os proprietários lá do terreno da Tartaruga não estão permitindo o acesso.
Abs
Jean Cleber da Silva
26/05/2020 — 12:03
Bom dia, Yara
Obrigado pelo retorno.
No final de semana que passou, alguns conhecidos fizeram a trilha da Pedra da Tartaruga por Tijucas do Sul, com autorização dos proprietários dos Campos do Quiriri. Será que conseguindo autorização o Adilson não libera a passagem?
Yara de Mello
26/05/2020 — 19:40
É bem possível que essas pessoas tenham pego autorização para ir para o Marco da Divisa e tenham aproveitado a caminhada e ido até a Tartaruga ou ainda pela fazenda da Ciser. Mas lá na tarta já é outro dono. Enfim, é uma pena que tenham fechado, mas tem um pessoal que não sabe respeitar. E todos tem que pagar. Se quiser tentar, mas mande no privado. Abs