Autora: Yara de Mello
O objetivo deste post é trazer uma breve análise sobre a distribuição da precipitação mensal no município de Joinville (SC). Levando em consideração a localização espacial das estações pluviométricas.
O município de Joinville está localizado na região nordeste do Estado de Santa Catarina, próximo ao oceano Atlântico. O relevo da região comporta planície, serra e planalto. Devido à existência de áreas montanhosas, inclusive com altitudes superiores a 1.000 metros, têm-se a ocorrência de precipitação orográfica.
Precipitação orográfica pode ser definida como a ocorrência de precipitação (pluvial, neve, etc.) resultante da interação entre o fluxo de umidade e a topografia. Ou ainda, como a precipitação causada pela elevação de ar úmido sobre uma barreira orográfica.
Para caracterizar a distribuição da precipitação mensal em Joinville, foram utilizados dados de 42 estações pluviométricas, referente à série histórica de 1979 a 2008 (30 anos). Foi realizado preenchimento de falhas (MELLO et al., 2015b).
A figura abaixo traz a localização das estações pluviométricas. Com a localização destas estações é possível utilizar estes dados para caracterizar não só o município de Joinville, como também áreas no entorno.
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Ainda na figura acima é possível observar quatro diferentes ambientes: planície, proximidades da frente da serra, serra e planalto. Devido à dinâmica do relevo, a distribuição da precipitação é diferenciada entre estes ambientes. Por isso, as estações pluviométricas foram divididas nestas quatro categorias (Mello et al., 2015a). A figura abaixo mostra um diagrama com estes ambientes para um melhor entendimento.
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A estação do ano que possui o maior acumulado de precipitação na região de Joinville é o verão (janeiro, fevereiro e dezembro), equivalendo a 35% da quantidade de chuva precipitada durante o ano. Em seguida vem a primavera (26%) (setembro, outubro e novembro), o outono (22%) (março, abril e maio), e por fim, o inverno (17%) (junho, julho e agosto).
Na tabela abaixo é possível conferir a média dos acumulados de precipitação para cada estação do ano. Destaca-se que a média geral refere-se à média dos 42 pluviômetros. Também são apresentadas as médias referentes a cada ambiente (planície, planalto, etc.).

Em relação aos meses do ano, janeiro é o mês que em média possui o maior acumulado de precipitação (262,8 mm); e agosto é o mês que apresenta o menor acumulado (99 mm).
Na figura abaixo é possível observar os acumulados médios de precipitação para todos os meses do ano, na média geral e nos diferentes ambientes. Também estão representados no gráfico os desvios-padrão.
DESVIO-PADRÃO (D.P.) = Medida que indica o grau de variação dos elementos em torno da média. Quanto maior o D.P. maior a variação dos dados da amostra (neste caso precipitação mensal de diferentes estações pluviométricas), e quanto menor o D.P. menor a variação dos dados.
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Com base na figura acima é possível fazer algumas análises. No gráfico “A”, o qual apresenta a média geral de todos os ambientes, a diferença de precipitação entre o mês mais chuvoso (janeiro) e o mês menos chuvoso (agosto) é de 164 mm. Observando os desvios-padrão, é possível concluir que a distribuição espacial da precipitação é mais regular nos meses de inverno, ao contrário do que ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e março, principalmente.
Outra questão importante é a diferença de precipitação entre os diferentes ambientes, principalmente entre as proximidades da frente da serra e o planalto. O que configura a ocorrência de uma região de sombra de chuva. Em média ao longo dos anos a precipitação nas proximidades da frente da serra é 23% maior do que no planalto. Observando os gráficos “C” e “E” também é possível concluir que a precipitação é menos irregular nas áreas do planalto.
Observações: (1) Todos os dados de precipitação estão representados em milímetros (mm). (2) Se houvesse estações pluviométricas instaladas na escarpa da serra poderia ser adicionado outro ambiente de análise, além do mais, é provável que esta seja a região com os maiores índices pluviométricos. (3) A média mensal do trabalho de Mello et al. (2015b) foi recalculada levando em consideração novos parâmetros, como a eliminação de dados discrepantes, por isso houve pequenas diferenças.
Clique AQUI para saber mais sobre os bairros mais chuvosos de Joinville.
Referências
OLIVEIRA, F. A. de. Estudo do aporte sedimentar em suspensão na baía da Babitonga sob a ótica da geomorfologia. Tese de Doutorado (Doutor em Geografia). Universidade de São Paulo – USP. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, 2006.
Vera
30/01/2018 — 12:09
Bom dia Yara, trabalho em uma imobiliária e estou fazendo um estudo da cidade de Joinville sobre os pontos de alagamento.
Vi nos seus posts informações muito interessantes, mas gostaria de saber se você fez recentemente pesquisas sobre o tema das enchentes, pois no site da prefeitura e nos sites em que procurei informações, os dados são muito antigos (2011) e já estamos em 2018.
Se puder me auxiliar ou se puder me informar onde posso buscar esta informação agradeço.
Yara de Mello
30/01/2018 — 14:19
Boa tarde Vera
Dependendo o estudo considerar o ano de 2011 não é muito antigo não. A Wivian Nereida trabalhou com histórico de inundações. Tem o Plano Diretor de Drenagem Urbana da bacia do rio Cachoeira onde você também irá conseguir algumas informações. E a Defesa Civil fazia um mapeamento dos pontos alagados na cidade, não sei se ainda continuam fazendo este trabalho a cada evento de inundação, seria interessante você conversar com eles. Dê uma pesquisada no google acadêmico também, biblioteca da Univille e UDESC.
Não tenho nada publicado sobre o tema, apenas aqui no blog alguma discussão sobre a precipitação e as baixas altitudes na bacia do Cachoeira.
Boa pesquisa!
Abs,
Yara